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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sobre o Dia do Quadrinho Nacional




Oficialmente se adotou o Yellow Kid do norte-americano Richard Outcault, de 1895, como marco zero para se contar a história das histórias em quadrinhos do mundo. Mas manifestações anteriores podem ser encontradas em várias partes do mundo. No Brasil, o ano era 1869 e o ítalo-brasileiro Ângelo Agostini levava para as revistas e jornais da época seus personagens em diversas situações de humor e aventura com “As aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora”. Em homenagem a este pioneiro da Arte Seqüencial brazuca foi criado o dia do Quadrinho Nacional e anualmente esta data trás consigo um festejo aliado à vontade de reconfigurar o cenário da produção brasileira em algo mais sólido e substancial. 
 
Neste dia, em que os Quadrinhos tornam-se foco de atenção, é importante lembrar a riqueza de gêneros, estilos e a segmentação que essa forma de arte assume com material direcionado a públicos de distintas faixas etárias e econômicas. 

Mesmo perdendo espaço na mídia impressa, com os jornais trocando a seção de quadrinhos por anúncios ou fofocas de artistas, a Arte Sequencial vai ganhando espaços seja no cinema, nas livrarias ou na internet. É impossível ignorar a força que os personagens de quadrinhos ganharam no mundo da cultura pop, desde jargões antigos comuns “brucutu” e “imprensa marrom” às modernas discussões sobre multiversos, clonagens e mutações genéticas (temas antigos para os aventureiros dos quadrinhos).

Ângelo Agostini era pintor, desenhista, crítico de arte e, porque não dizer, crítico social. Em seu traço marcante retratava a vida nos tempos do Segundo Império e da embrionária República. O Quadrinho Nacional mantém ligações estreitas com a hoje histórica produção de Agostini, seja no caráter de crítica social, hoje abraçado pelas Charges, seja no traço rebuscado que encontra reflexo nas ilustrações, seja nas narrativas de aventura presente na produção dos quadrinhos modernos. Comemoramos o dia 30 de janeiro em homenagem a um autor que foi criativo e versátil antecipando o que hoje é necessário àqueles que resolvem abraçar o quadrinho como expressão artística. Mais que um dia dedicado aos Quadrinhos é, este, um dia dedicado ao Quadrinho NACIONAL com todas as suas dificuldades de produção e veiculação, com toda a concorrência desleal com os enlatados japoneses, norte-americanos ou europeus. Não é a questão de detratar as republicações estrangeiras, mas é de observar que há artistas e há produção nacional resistindo seja ela manifestada nos sucessos editoriais de Maurício de Souza, Angeli, Laerte, Laudo, André Diniz seja na humilde mas incansável produção independente. Seja veiculada em fanzines, internet, álbuns de luxo ou revistas de linhas o dia 30 de Janeiro é o dia de lembrar que a produção Nacional existe e precisa ser vista!
(Materia originalmente publicada no site armagem.com)

MAIS: 
DQN: Comemorar o quê?
Mestres do Quadrinho Nacional: Angelo Agostini

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